A pandemia da Covid-19 coloca em evidência o acesso desigual à água no Brasil, uma vez que a medida mais básica de prevenção a doença não está ao alcance de todos e todas: lavar as mãos com água e sabão.
Segundo dados da PNAD de 2018, 85,8% das casas brasileiras têm como principal fonte de água a rede geral de distribuição.
O indicador macro não é tão assustador. Contudo, há disparidades regionais que apontam situações críticas. Rondônia é o estado que apresenta o pior cenário (43%) e os dez estados com menor acesso estão no Norte e Nordeste. Já os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm índices de acesso à água entre 80% (Mato Grosso) e 96% (São Paulo).
A diferença se dá também entre o campo e a cidade, em que 93,4% da casas urbanas do país usam a rede geral de distribuição e em áreas ruais essa proporção cai para 34%.
Ao longo da nossa trajetória, pudemos acompanhar de perto algumas dessas disparidades e contribuir para a realização de projetos relacionados ao acesso a água no semiárido brasileiro, preservação e recuperação de nascentes no sudeste e instrumentalização para a aplicação de tecnologias ambientais de baixo custo para captação de tratamento de água no interior de São Paulo.
Esta não é uma pauta nova, mas considerando o cenário atual de pandemia mundial, não ter acesso a água para lavar as mãos, nos remete a total ausência de medidas de longo prazo para segurança hídrica, acesso a água potável e saneamento básico.
Ultrapassamos o estágio de necessidade para o de urgência imediata de maiores investimentos em ecossistemas naturais, além do manejo de forma efetiva dos recursos hídricos que já existem para que água potável esteja disponível para as comunidades mais vulneráveis.
Fontes: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD | IBGE 2018 e WRI Brasil